Ardia a pele em chama fria, consumidos por um tipo de fogo que não queima, não arde. Devorando o frenesi da necessidade de fingir estar tudo bem!
E cada toque e movimento, beijo e olhar, sem vida, guiados pela memória do corpo e apenas o corpo. A mente vai lá longe, nos cantos escuros das emoções mortas ou adormecidas. É que essas tem a tendencia a ressuscitar, e nos dar novamente a esperança de que algo é real.
Quebrando-se em pedaços lentamente, como se arrancasse lascas da pele, impondo a transformação que não chega sem a companhia da dor.
Sabemos que a peça terminou, as cadeiras do teatro estão vazias, e ainda assim, a tentativa fugaz de continuar a encenação. De criar laços entre personagens desconexos e dar vida aos mortos.
Fica o desejo de um renascimento ou da finitude do todo.
Fica o medo da falha, a busca do momento exato onde os alicerces partiram-se.
Fica a saudade do que poderia ter sido e não foi.
E segue-se a continuidade das falsas verdades;
E a encenação de personagens mortos!