sábado, 28 de fevereiro de 2015

Prazer?

Prazer

Ardia a pele em chama fria, consumidos por um tipo de fogo que não queima, não arde. Devorando o frenesi da necessidade de fingir estar tudo bem!

E cada toque e movimento, beijo e olhar, sem vida, guiados pela memória do corpo e apenas o corpo. A mente vai lá longe, nos cantos escuros das emoções mortas ou adormecidas. É que essas tem a tendencia a ressuscitar, e nos dar novamente a esperança de que algo é real.
Quebrando-se em pedaços lentamente, como se arrancasse lascas da pele, impondo a transformação que não chega sem a companhia da dor.


Sabemos que a peça terminou, as cadeiras do teatro estão vazias, e ainda assim, a tentativa fugaz de continuar a encenação. De criar laços entre personagens desconexos e dar vida aos mortos.



Fica o desejo de um renascimento ou da finitude do todo. 

Fica o medo da falha, a busca do momento exato onde os alicerces partiram-se.
Fica a saudade do que poderia ter sido e não foi.


E segue-se a continuidade das falsas verdades;

E a encenação de personagens mortos!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Quantas vezes amor?

Algumas como coadjuvante em um roteiro démodé, tão previsível quanto o nascer de um novo dia. O mesmo frio na barriga e brilho nos olhos; a necessidade de ver, ouvir e sentir, exacerbado pela ansiedade e o medo. Reinterpretação de nós mesmos, com esse novo alguém!

Noutras, roteiristas de novas histórias, dedilhando corpos na busca de sentir além da pele. Experimentados pelo que outrora nos pareceu eterno e nunca o foi. Mudamos as falas, recontamos a história, tentando em vão evitar o momento agonizante da morte prematura de um outro amor!
Porque todo amor morre temporal!

Encenamos repetidas vezes, buscando uma perfeição intangível que nos levaria a imortalidade desse sentir. Sabemos o que deve ser evitado, reinventado. Traçando de forma perfeita a narrativa que encanta os ouvidos alheios, e ao sair o som da boca, tudo torna-se em verdade, retocando os quadros da memória, quem sabe assim não venha a contradição! E se vier, o próximo amor sempre será maior, sem mágoa ou dor. Até certo ponto.

No desespero assertivo, a parede da memória torna-se um borrão de telas repintadas, o eu, individuo que tempos atrás amputou pedaços, implantou enxertos, perdeu-se em meio ao personagem que tenta interpretar, ambos, metamorfoseados num tipo de ser feito de remendos e partes alheias! Um Frankenstein da nossa era.

E quando as cortinas fecham, o aroma da morte perfaz o drama, cerra os lábios e enebria-se no sabor salgado do que nos escorre os olhos.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Vazio...




É inevitável que em determinado momento, reavaliemos tudo!
A importância das coisas vai se perdendo ao longo do trajeto, e o tudo se torna comum. Já não nos bate acelerado nada no peito, e o eco da dor implode na ausência de um ritmo onde antes fazia tremular.
E na perca do sabor, do tato, vou me acostumando a me preencher de ausências, da falta do que almejei tanto que ao ter, não o soube manter em minhas mãos.

Com a fome de uma morte eminente, a percepção das migalhas que caem no chão, trilhando um caminho de lembranças, vão marcando na pele os erros e falsos acertos. Sendo a felicidade essa mentira que repetidas vezes foi anunciada, comprada e tida como verdade.